A música sempre foi instrumento de propagação de ideias, isto é inegável. O poder que a mesma tem em mobilizar as pessoas é imensurável. Desde os protestos serenos de Bob Dylan às críticas caricaturadas de Roger Waters, temos inúmeros motivos para concordar que a música está intrinsecamente atrelada à propagação de ideias. Como era de se esperar, muitas vezes estas ideias não estão em sintonia ou, ainda mais, vão de encontro umas com as outras. Como imaginar que o complexo ser humano seria algo diferente disto? Ainda assim, a música está lá fazendo este papel de mensageiro, muitas vezes de alta amplitude. Isto tudo para falar do momento atual do Brasil. Ideias em conflito estão engolindo as pessoas e a música está indo junto neste barco. O contraditório é zona de perigo. A liberdade de expressão é um risco. Pensar diferente é inaceitável. Uma palavra pode te abduzir para um vortex de solidão ideológica. E por qual motivo eu coloco os músicos numa posição diferenciada neste processo?
As dificuldades do Busking
Em abril de 2016 me mudei para Lisboa cheio de ideias aventureiras na cabeça. Para começar, cheguei aqui indo para o meio da estrada na Espanha e pedindo carona. Tinha acabado de sair de um relacionamento e queria me jogar de corpo e alma às aventuras que me aguardavam mundo a fora. Uma das ideias que apareciam muito insistentemente na minha cabeça era o busking. Ou seja, tocar na rua e receber umas moedas em troca. Logo na primeira semana em Lisboa, fiz meu primeiro busking e os obstáculos já vieram de pontapé no meu peito: muito calor, eu suava muito, muito barulho, tinha que forçar muito a voz pra as pessoas me escutarem, tinha que tocar o violão bem forte e as sutilezas quase não eram ouvidas, etc. Ainda assim, eu continuei fazendo porque eu tinha prazer em fazê-lo. A primeira impossibilidade apareceu quando eu comecei a trabalhar a sério num restaurante de fado, e meus horários me deixavam bastante limitado. Nesse meio tempo, conheci meu parceiro de busking, Oliver Cañete, e de vez em nunca conseguíamos marcar algo.
Marketing Digital e Musical – O Youtube como ferramenta estratégica contra desafios globais
Em 2011, o Youtube já tinha 1 trilhão de visualizações, o que significa aproximadamente 140 visualizações para cada ser humano existente (WSI, 2013). Ainda segundo a empresa de marketing WSI, organizações que ignorarem os media sociais estão fadadas ao fracasso.
Do vinyl ao streaming: O consumo da música como instrumento de aproximação e diferenciação de classes sociais
A intensificação das trocas comerciais e culturais entre povos de diferentes partes do mundo se manifesta ativamente em padrões atuais de consumo, bem como suas implicações sociais (Bran, 2015:8). Neste estado da arte, discutimos a respeito do consumo da música como um fenômeno social sob o ponto de vista de aproximação e diferenciação de classes sociais. Ao longo da história, a indústria fonográfica sofreu constantes transformações, alavancadas, principalmente, pelo avanço da tecnologia e o crescimento do registro e reprodução digitais, sobrepondo-se ao analógico. A forma de se consumir música se deu de várias maneiras, desde o disco de vinyl até os serviços de streaming. A popularização do acesso à música foi reflexo de fenômenos sociais, como a reprodução ilegal de CDs e os websites que disponibilizavam música grátis para download. A partir do momento em que a música tornou-se acessível para todos, independente da sua classe ou estrato social, notou-se a presença de um movimento contrário a esta tendência. Procuramos, aqui, evidenciar a criação dos serviços de streaming como movimento de diferenciação social dos consumidores em oposição ao fácil acesso à música promovido pelos meios digitais. Recorte histórico O vinyl surgiu em sua forma padrão em 1948 e nas décadas …